
A Origem Misteriosa do Corvo que Embalou o Expresso da Vitória
Em 1947, enquanto o Club de Regatas Vasco da Gama vivia sua era dourada sob o comando do presidente Ciro Aranha, um símbolo inusitado nascia para acompanhar a lendária geração do Expresso da Vitória. Dom Corvo I e Único surgiu de forma peculiar através dos traços criativos de dois talentosos profissionais da imprensa esportiva: o jornalista Álvaro do Nascimento Rodrigues e o chargista Otelo Caçador, ambos do Jornal dos Sports.
O Nascimento de uma Superstição Vascaína
Diferentemente de outras culturas onde o corvo representa mau agouro, no imaginário vascaíno a ave negra ganhou significado oposto: tornou-se símbolo de boa sorte. A lenda começou quando o personagem foi criado como um amuleto que traria fortuna ao clube caso vencesse um importante clássico contra o Botafogo. Com a vitória conquistada, Dom Corvo rapidamente se transformou em figura querida entre os torcedores cruz-maltinos.
Dom Corvo e a Era de Ouro do Vasco
Por mais de uma década, as aventuras do mascote foram retratadas em charges nos jornais cariocas, criando uma conexão afetiva com a torcida que acompanhava fielmente suas histórias ilustradas.
Uma Era de Conquistas Históricas
A presença de Dom Corvo coincidiu com uma das fases mais vitoriosas da história vascaína:
- Campeonato Carioca de 1947
- Sul-Americano de 1948 (maior troféu do clube até então)
- Campeonato Carioca de 1949
- Campeonato Carioca de 1950
- Campeonato Carioca de 1952
Curiosamente, o troféu sul-americano conquistado tinha formato semelhante a uma ave negra (um condor), reforçando ainda mais a mística ao redor do mascote corvo.
A Tentativa de Materializar o Símbolo
A popularidade de Dom Corvo cresceu tanto que, em 1947, houve uma tentativa ambiciosa de trazer um corvo real de Portugal para encarnar o personagem. Os registros mostram que a torcida vascaína acompanhou com entusiasmo essa iniciativa, demonstrando o forte apelo que o mascote já exercia. Contudo, apesar do esforço, essa ideia acabou não se concretizando plenamente.
O Declínio de Dom Corvo e a Ascensão do Almirante

Por Que o Mascote Caiu no Esquecimento?
A partir de 1960, quando o Vasco enfrentou um período sem grandes conquistas, o clube decidiu retornar às suas raízes. O Almirante, criado em 1944 pelo argentino Lorenzo Molas como homenagem ao navegador português Vasco da Gama, reassumiu então seu posto como mascote principal.
O Legado do Almirante
Com seu visual imponente, uniforme tradicional e olhar firme, o Almirante se consolidou como um dos símbolos mais fortes e facilmente reconhecidos pelos torcedores vascaínos. Representado como um verdadeiro “lobo do mar” sempre pronto para enfrentar adversidades, o mascote passou por algumas transformações ao longo dos anos:
- Em 2012, houve uma tentativa de modernização que suavizou suas feições, mas não agradou
- Em 2018, o clube resgatou as características tradicionais, rendendo ao mascote o apelido carinhoso de “Almirante Pistola” nas redes sociais
A Família de Mascotes Vascaínos Cresce
Barbosinha: Uma Homenagem ao Ídolo

Em 2020, o Vasco apresentou um novo integrante à sua família de mascotes: Barbosinha, uma homenagem ao lendário goleiro Barbosa. Escolhido através de votação entre os torcedores, Barbosinha tornou-se mascote oficial ao lado do Almirante, representando um dos maiores ídolos do Expresso da Vitória, que participou de mais de 400 partidas pelo clube.
O Significado Cultural de Dom Corvo
Dom Corvo não foi apenas um mascote, mas também um símbolo que conectava o futebol às raízes culturais brasileiras. Especialistas apontam que ele “faz parte da cultura brasileira, ligando a questão das religiões afro-brasileiras… uma série de elementos que contribui para enriquecer o imaginário do futebol.”
Uma Possível Ressurreição em 2025?
Recentemente, surgiram indícios de que Dom Corvo pode retornar ao cenário vascaíno. A carteirinha de sócio do plano animal já exibe uma representação do mascote, sugerindo uma possível reintrodução dessa figura histórica. O clube não descarta uma parceria entre Dom Corvo e o Almirante, criando uma ponte entre o passado glorioso e o presente.
A Importância dos Mascotes na Identidade do Vasco
Os mascotes vascaínos – Dom Corvo, Almirante e Barbosinha – representam muito mais que simples figuras decorativas. Eles carregam história, tradição e significado cultural que fortalecem o vínculo entre gerações de torcedores e o clube.
Você conhecia essa história fascinante do primeiro mascote vascaíno? O que acha da possibilidade de vermos Dom Corvo de volta às arquibancadas de São Januário em 2025, trazendo sua mística vencedora para o Vasco contemporâneo, lado a lado com o tradicional Almirante e o carismático Barbosinha?

João Paulo da Silva é apaixonado por futebol e, em especial, pelo Vasco da Gama. João traz para seus leitores as últimas notícias, análises e insights sobre o clube. Com uma abordagem detalhada e sempre atualizada, compartilha sua visão sobre os bastidores do Vasco, seus jogadores e os acontecimentos do time, mantenho os vascaínos bem informados e conectados com o nosso clube do coração.